parque terminal
texto curatorial
Passageiros, contemplem essa paisagem: Aqui, onde hoje está o terminal urbano mais movimentado da metrópole paulistana, já foi um dos principais parques da nossa cidade. Hoje de ‘parque’ só resta o nome e algumas áreas verdes entrecortadas por grades e viadutos, resultado de sucessivas gestões públicas que estrangularam a natureza, transformando territórios de convivência e contemplação em não-lugares de trânsito para automóveis.
O parcurso de imagens abaixo, que vem desde 1885 até hoje, nos revela os processos brutais de transformação desse lugar: da Várzea do Carmo, onde os paulistanos tomavam banho e lavavam suas roupas às margens do rio Tamanduateí, passando pelo Parque Dom Pedro II, inaugurado em 1922 onde, entre seus jardins afrancesados, havia uma ilha dos amores, um palácio eclético, um parque de diversões, quiosques, pontes e esculturas. Hoje, esses vestígios do passado desapareceram ou se tornaram quase imperceptíveis quando observamos essa paisagem caótica e fragmentada.
ficha técnica
Instalação paisagística no Terminal Parque Dom Pedro II
Projeto desenvolvido em oficinas participativas
com a Zózima Trupe
ano: 2022
cidade: são paulo
bairro: sé
status: concluído
desenhos: gabriel neistein
A nostalgia, aqui, nos serve de muito pouco para imaginarmos novos cenários futuros, nesse sentido o 'Parque Terminal' brota das contradições deste lugar na forma como ele se apresenta hoje. Com a materialidade presente dos gradis metálicos se desenhou e construiu um parque mínimo, composto por um banco e canteiros. As plantas escolhidas para serem transplantadas para cá são espécies ruderais, que nascem nas frestas do concreto de viadutos e calçadas, revelando enorme força e resiliência para reocupar um lugar árido como esse.
desenhos técnicos
desenhos à mão
registros de processo
Elaborado coletivamente com os membros da Zózima Trupe dentro do projeto Trabalha_Dores, essa instalação paisagística dialoga com uma companhia de teatro sobre rodas, que encontrou no ônibus seu espaço de atuação no urbano. O Parque Terminal se faz como uma ilha transportável que fica à deriva dentro do Terminal Parque Dom Pedro II, rompendo com os fluxos dos passageiros, convidando-os a sentar por um momento e se reencontrar com a memória desse lugar onde estamos pisando